Bóiam leves desatentos,
Meus pensamentos de mágoa,
Como, no sono dos ventos,
As algas, cabelos lentos
Do corpo morto das aguas.
Bóiam como folhas mortas
Á tona de águas paradas
São coisas vestindo nadas,
Pós remoinhando nas portas
Das casas abandonadas.
Sono de ser, sem remédio,
Vestígio do que não foi,
Leve magoa, breve tédio,
Não se pára, se flui;
Não se existe ou de doí.
Analise do Poema :
Este poema foi escrito para caracterizar os pensamentos do sujeito poético que eram “leves” e “desatentos”, semelhantes a “algas” ou “cabelos” que “bóiam” lentamente “á tona de águas”; são as coisas insignificantes como “pós” ou como “nadas”. O sujeito poético, observando o seu mundo inteiro, redu-lo a uma insignificância insuportável. Sobressaem, na caracterização dos pensamentos, os seguintes recursos: a metáfora, a comparação, e a adjectivação expressiva .
O sujeito poético visiona neste poema um espelho coberto de elementos físicos sem vida, que fazem lembrar desperdício e que não permitem o encontro consigo mesmo. Deste desencontro resulta a angústia, a mágoa, o tédio, a dor, a frustração e o sentimento de vazio que dominam o sujeito poético.
Marcas de subjectividade/objectividade na expressão lírica do Eu
- Presença do "eu" na primeira pessoa pronominal e verbal;
- objectivação dos "pensamentos" como sujeito de 3.a pessoa;
- visualização do mundo subjectivo dos sentimentos ("mágoa", "tédio"), exteriorizado pelas imagens;
- desdobramento do Eu em sujeito e objecto ("Não sei".../ ..."coisas"...; ... "pós"...);
- O negativismo está presente em: morto, mortas, paradas, nadas, abandonadas, sem remédio.
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