Que a morta brisa aquece,
De balas traspassado
- Duas, de lado a lado -,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
"O menino da sua mãe".
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
"Que volte cedo, e bem!"
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.
Analise do Poema :
Este poema foi escrito para poder ser visto de modo metafórico, a representação do próprio poeta que sabe ser impossível o regresso ao materno, porque a infância ficou para trás, inevitavelmente perdida, ideia que pode relacionar-se com a temática pessoana “a nostalgia da infância” – a época de ouro, da felicidade inconsciente, para sempre perdida, que contrasta com a situação presente caracterizada por consciência aguda que provoca no poeta a sensação de desconhecimento de si mesmo, a perda de identidade.
O sujeito poético neste poema fala também da cigarreira dada pela sua mãe e o lenço dado pela alma que o ajudou a criar, são representações do seu passado de “menino” que viveu junto a quem o amava.
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