quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

SÍMBOLOS:

A Moeda:
- A miséria do povo, a esmola
- O compromisso que o povo tem para com o General:
. É como uma medalha de honra para Matilde.
. É símbolo da fé que o povo tem no General.
. Mostra que povo não luta porque não pode.
- A traição da igreja (à semelhança de Judas, a igreja vende-se em nome do dinheiro e do poder)
A Fogueira:
- Por D. Miguel: símbolo de purificação, limpeza
. Quem não está connosco, está contra nós, é preciso afastar.
. Semelhança com a Santa Inquisição
- Por Matilde e Sousa Falcão:
. Profecia de mudança
. Purificação, redenção, chama da esperança
. Renascimento, advento
A Saia Verde:
- Em vida:
. Esperança
. Liberdade - Paris, Revolução Francesa
. Pureza, Inocência - neve branca
- Após a Morte:
. A alegria do reencontro
. A esperança de que a morte do General não seja em vão
. A esperança da mudança
O Preto de Sousa Falcão:
- Luto por si mesmo
- Auto-recriminação por não ter tido a coragem do General
- Se ele partilhava os mesmos ideais que o General, deveria ter dado a cara e lutado com ele
- Arrepende-se da sua cobardia

DIDASCÁLIAS

Existem as didascálias normais, que se seguem ao texto, e as didascálias marginais, típicas do teatro de Brecht. Estas corroboram o distanciamento histórico.
Luz/Sombra:
. A falta de luz no cenário (escuridão total) mostra o clima da época – o regime opressor, a ignorância do povo, a obscuridade.
. A intensa luminosidade no Manuel (primeira cena) corrobora a indicação inicial “Manuel, o mais consciente dos populares”. Luz é conhecimento, lucidez

Tempo/Espaço

Tempo
 Tempo histórico: século XIX
 Tempo da escrita: 1961, época dos conflitos entre a oposição e o regime salazarista
Tempo da representação: 1h30m/2h
Tempo da acção dramática: a acção está concentrada em 2 dias


Espaço
Espaço físico: a acção desenrola-se em diversos locais, exteriores e interiores, mas não há nas indicações cénicas referência a cenários diferentesespaço social:
Meio social em que estão inseridas as personagens, havendo vários espaços sociais, distinguindo-se uns dos outros pelo vestuário e pela linguagem das várias personagens

Personagens/ caracterização

Os do Poder
D. Miguel Forjaz
Marechal Beresford
Principal Sousa
O Povo
Manuel
 Rita
O Antigo Soldado
Vicente
Os Delatores
Morais Sarmento
Andrade Corvo
Vicente
As individuais:
Frei Diogo de Melo António de Sousa Falcão
Matilde de Melo,
General Gomes Freire de Andrade





Da esquerda para a direita: General Beresford, D.Miguel Forjaz,
 Principal Sousa, Guardas,Matilde e Sousa Falcão
Manuel:
. Representa o povo oprimido e esmagado.
. É lúcido e consciente.
. Usa uma linguagem popular que combina com o realismo da obra.
General Gomes Freire:
. Único
. Com valores, íntegro
. Politicamente liberal, igualitário
Vicente:
. Desrespeita/ Despreza o povo – FALSO HUMANITÁRIO
. É contra o general
. Traidor, calculista
. Ambicioso, materialista
. Subtil, inteligente
. Egoísta
D. Miguel Forjaz:
. Anti-progressista/ retrógrado
. Conservador
. Autoritário
. Medroso
. Sem escrúpulos/ mercenário
. Corrupto – deixa-se corromper e tenta corromper os outros
. Vê o liberalismo como anarquia e caos
. Acha-se superior – absolutista: “Um mundo em que não se distinga a olho nu um nobre de um popular não é mundo em que eu deseje viver”
. Falso demagogo “Deus, Pátria e Família”
Marechal Beresford:
. Mercenário
. Lúcido e consciente
. Mau soldado, mas bom estratega
. Pragmático
. Calculista “não é prudente ainda dizê-lo”
. Ardiloso – trama a confusão mas não a integra
Principal Sousa:
. Corrompido pelo poder
. Deveria semear a paz e semeia o confronto
. Hipócrita
. Contra o liberalismo – odeia os francesas por causa das suas ideias
. Anti-progressista
. Cínico
Frei Diogo:
. O lado bom da igreja
. Homem com compaixão
. Conforta Matilde
. Defende Gomes Freire – corrobora a sua inocência
. Opõe-se ao Principal Sousa
Matilde de Melo:
. Está desesperada
. Luta por: lealdade, justiça, verdade
. Digna
. Apaixonada e devota a Gomes Freire
. Por vezes, parece um pouco alucinada
. Forte, lutadora, destemida
. Inteligente
. Grande poder de Argumentação

Bibliografia/Biografia de Luís de Sttau Monteiro

Bibliografia

Luís Infante de Lacerda Sttau Monteiro nasceu no dia 03/04/1926 em Lisboa. Em 1936 o seu pai, devido à posição de Embaixador de Portugal em Londres, leva-o com ele onde irá ficar até 1943, altura em que seu pai é destituído do cargo por Salazar. Nessa altura regressa a Lisboa onde estuda e se forma em advocacia. Aí exerce ainda durante algum tempo, até que parte novamente para Londres onde se dedica ao desporto automóvel na fórmula 2. A sua estadia em Inglaterra, durante a juventude, pô-lo em contacto com alguns movimentos de vanguarda da literatura anglo-saxónica. Regressa novamente a Portugal onde escreve no Diário de Lisboa, destacando-se a revista “Almanaque” e o suplemento “A Mosca”, cria ainda a secção “Guidinha” no mesmo jornal. Em 1961, publicou a peça de teatro “Felizmente há Luar!”, distinguida com o Grande Prémio de Teatro, tendo sido proibida pela censura a sua representação. Só viria a ser representada em 1978 no Teatro Nacional. Foram vendidos 160 mil exemplares da peça, resultando num êxito estrondoso. Foi preso em 41967 pela PIDE após a publicação das peças de teatro “Guerra santa” e “A Estatua”. Sátiras que criticavam a ditadura e a guerra colonial. Em 1971, com Artur Ramos, adaptou ao teatro o romance de Eça de Queirós “A Relíquia ”, representada no Teatro Maria Matos. Escreveu o romance inédito “Agarra o Verão, Guida, Agarra o Verão”, adaptado como novela televisiva em 1982 com o titulo “Chuva na Areia”. Faleceu no dia 23/07/1993 em Lisboa.

Bibliografia
Obras

 Um Homem não Chora (romance, 1960),
Angústia para o Jantar (romance, 1961),
E se for Rapariga Chama-se Custódia (novela, 1966).

Teatro

 Felizmente Há Luar (1961),
Todos os Anos, pela Primavera (1963),
Auto da Barca do Motor fora da Borda (1966),
A Guerra Santa (1967),
A Estátua (1967),
 As Mãos de Abraão Zacut (1968).